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domingo, 18 de abril de 2010

Campori Online - Associação Paulistana

IX Campori Online - Associação Paulistana

Texto 4

Ficamos naquela ilha vulcânica eu, a Ângela e o Gilmar. Era uma ilha sem vegetação com uma paisagem inóspita e diferente de tudo que já havíamos visto. Levamos nossos bilhetes até o guichê da Empresa TACV de Cabo Verde para confirmarmos a nossa conexão para Bissau. Quando falamos com o pessoal daquela empresa eles nos disseram que não aceitariam aqueles bilhetes da Aeroflot e que nós não poderíamos seguir viagem. Foi um grande transtorno para todos. Insistimos muito, mas eles nos informaram que só a gerente poderia fazer alguma coisa por nós, mas ela não estava trabalhando naquele dia por ser um feriado. Tomei um táxi e fui até a casa da gerente da empresa para tentar resolver o problema. Insisti com ela para nos ajudar. Finalmente ela veio ao aeroporto do Sal conosco, ligou para o Brasil e graças a Deus, encontrou uma solução para as nossas passagens, mas infelizmente, nesta altura, o avião já havia partido e naquele dia não havia mais vôos para Bissau. Não tínhamos nenhuma outra opção a não ser ficar ali e dormir para embarcar num outro vôo no dia seguinte.
Encontramos na Ilha do Sal, outros missionários brasileiros que trabalhavam em Cabo Verde e mais um casal que estava indo para trabalhar um ano naquele país como voluntários. Por coincidência, era o Pastor Clajius e sua esposa. Ele já havia trabalhado por alguns anos na África, inclusive, por ocasião da guerra de independência, ele foi preso juntamente com o Pastor Henrique Berg num país daquele continente, permanecendo seis meses numa situação extremamente difícil. A sua história está registrada no livro "PRENDAM-NO". Um lindo livro sobre histórias de missionários na África. Eu fiquei impressionado de ver o Pastor Clajius mais uma vez na África, depois de tudo o que ele já havia passado com a sua família. Mas eu não sabia que um dia eu e minha esposa também seríamos contagiados por este mesmo vírus do campo missionário.

Fomos todos para um mesmo hotel na Ilha do Sal e lá dormimos. No outro dia muito cedo acordamos, tomamos o café da manhã que era leite com carcaça. O pão de Cabo Verde é chamado de carcaça. Logo depois fomos ao aeroporto para vermos a possibilidade de continuarmos viagem. Infelizmente só haveria vôo às 14:00 horas. Encontramos o Júlio um voluntário brasileiro que trabalhava naquela ilha. Ele era solteiro e morava com dezenas de gatos. Ele então se propôs a mostrar-nos um pouco daquela ilha vulcânica. Alugamos uma Kombi e viajamos cerca de 17 quilômetros pela ilha para conhecermos alguns pontos turísticos: igrejas antigas, construídas pelos portugueses há alguns séculos atrás e conhecermos também a Igreja Adventista da Ilha do Sal. Ao viajarmos, vimos muita coisa interessante. O mar era de um verde deslumbrante, as praias eram lindas com uma areia muito fina e bem branquinha, havia uma brisa fresca e suave que tocava o nosso rosto docemente. Mas o ar era sempre cinzento , devido ao pó de areia que o vento trazia por centenas de quilômetros desde o deserto do Saara. Conseguimos ver alguns animais soltos pelo campo, mas muito pequenos. As vacas eram do tamanho de ovelhas e as ovelhas e cabritos eram bem pequenos. Não havia quase nada para aqueles animais comerem. Apenas alguns esparsos arbustos. Nós vimos animais comerem guardanapos de papel e copos descartáveis que as pessoas jogavam no chão. Visitamos ainda as salinas da ilha que ficam abaixo do nível do mar. É algo muito interessante. Naquele momento compreendemos porque a ilha chama-se Ilhado Sal. Há grandes salinas naquela ilha. Olhamos no relógio e já estava na hora de viajarmos. O tempo havia passado rapidamente. Voltamos correndo ao aeroporto para embarcamos para Bissau. Porém, o vôo não era direto. Havia uma outra conexão na cidade de Praia, capital do Cabo Verde que fica na Ilha de São Tiago. O avião já era bem menor. Viajamos cerca de 50 minutos e então chegamos à Capital do país, a cidade de Praia. Lá estava o Pastor Felix Monteiro, Presidente da Missão nos esperando. Após receber-nos levou-nos a sua casa e por volta das 17:00 nós tomamos um gostoso lanche que a Sara, sua esposa nos preparou. Voltamos novamente ao Aeroporto e às 18:00 horas embarcamos num vôo direto para Guiné Bissau. Viajamos mais três horas e chegamos à cidade de Bissau por volta das 21 :00 horas. O Presidente da Missão da Guiné Bissau, o Pastor Ricardo Orsucci, estava nos esperando no aeroporto. Fomos recebidos com muito carinho por ele e por sua família.
Passamos pelas formalidades da imigração e a seguir, tomamos um carro da ADRA para irmos até a sede da Missão onde ficaríamos hospedados numa casa de passagem. Tudo era diferente. O que nós havíamos visto nos filmes, agora estávamos vendo ao vivo e a cores. Só havia luz no aeroporto. A cidade estava toda no escuro. Não havia energia elétrica. Parecia uma cidade fantasma. Chega- mos até a casa de hóspedes da Missão e lá permanecemos a noite do dia 26 de Dezembro. Procuramos alguma coisa para comer, mas não havia muita opção. Pensamos em preparar algo no fogão, mas não havia gás na capital. Finalmente, o Celso, um brasileiro voluntário que trabalhava em Bissau, nos levou a uma lanchonete que funcionava com energia de gerador e lá tomamos sumo de abacaxi, importado de Portugal e comemos um chawarma vegetariano. Dormimos tarde e acordamos bem cedo para continuarmos nossa viagem para uma ilha de Bubaque, no arquipélago dos Bijagos, onde faríamos a nossa primeira série de conferênc ias.

Do livro:
Missionários do Século XXI – Uma fantástica aventura por países da janela 10/40
Por Davi Tavares & Ângela Tavares

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